A INFORMAÇÃO de Martins Amis (Quetzal)


“A censura é o imposto da inveja sobre o mérito” Laurence Sterne 


Esta semana a sugestão é um livro especial. Esta obra, escrita ao longo de alguns anos por Martin Amis (filho de Kingsley Amis, cuja obra já referimos aqui na “Estante”), constituiu um facto editorial de monta, tendo sido feito o maior adiantamento do mercado editorial sobre a futura publicação deste livro. A esse propósito o autor perdeu inclusivamente a amizade de Julian Barnes (outro autor já aqui sugerido também). Assim, este “A Informação”, para além do valor intrínseco enquanto obra literária, tem também a sua própria história. E a história é muitíssimo interessante, e autobiográfica a fazer fé nas afirmações do autor. Dois amigos, diferentes entre si nos mais variados aspectos mas ambos com pretensões a escrever. Richard Tull seria à partida o mais equipado para ter sucesso, ganha em quase tudo a Gwyn Barry, no entanto quando o mais estrondoso sucesso editorial acontece a Gwyn, Richard, que ganha a vida a recensear publicações de autor, torna-se no exemplo acabado do invejoso. Um teria à partida melhores condições individuais para perseguir o reconhecimento do mundo literário, no entanto os seus primeiros romances são ignorados pela critica, ao passo que a publicação de um livro de Gwyn, faz o seu caminho até aos lugares cimeiros das listas dos mais vendidos. Começa assim o eterno debate entre a qualidade literária e a quantidade de vendas, entre a profundidade e a complexidade da linguagem literária versus a superficialidade e a descomplicação da escrita. Temas de sempre no que toca a livros e autores. E é nessa teia onde se cruza o sucesso e o fracasso, que Martin Amis, dono de uma escrita com uma linguagem muito própria constrói um excelente livro, cheio de detalhes deliciosos e personagens que povoam e ilustram a sua visão da sociedade pós moderna aqui retratada. De ressaltar que o livro é de 1995, mas a história e os personagens são de sempre. Mais uma excelente ocasião de leitura à volta de um cenário que tem sido desde sempre um dos meus favoritos, o do meio editorial e literário. Se puderem não percam, vale mesmo a pena! Boas Leituras!!! J

Na Mesinha De Cabeceira:
PENA CAPITAL de Robert Wilson (D. Quixote)
ATÉ AO FIM 1944-1945 de Ian Kershaw (D. Quixote)
MIRAGEM DE AMOR COM BANDA DE MUSICA de Hernán Rivera Letelier(Quetzal)
A FABULA de William Faulkner (Casa das Letras)
A PIADA INFINITA de David Foster Wallace (Quetzal)
ARCO-IRIS DA GRAVIDADE  de Thomas Pynchon (Bertrand)
PELA ESTRADA FORA (O ROLO ORIGINAL) de Jack Kerouac (Relógio d´Água)
A LEBRE DE OLHOS DE ÂMBAR de Edmund de Waal (Sextante)
SE OS MORTOS NÃO RESSUSCITAM de Philip Kerr (Porto Editora)


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