INFORSCRAVOS de Douglas Coupland (Teorema)
"Nós nascemos, vivemos por um breve
instante, e morremos. Sempre assim aconteceu durante imenso tempo. A tecnologia
não ajuda muito isso – se é que muda alguma coisa” Steve Jobs
Douglas Coupland é, de entre autores que marcaram mais ou
menos uma época, mais conhecido pelo romance que o lançou no meio literário nos
anos noventa do século passado, o sucesso editorial “Geração X”. Recordo-me bem
de me ter sido na altura indicado por um amigo que estava a viver em Sydney, na
Austrália e à data não estar ainda publicado entre nós. Há na literatura sempre
autores cuja obra fica de certa maneira “colada” a um determinado período
histórico, neste caso Douglas Coupland é um de entre muitos e bons exemplos de
jovens escritores que (d)escreveram uma realidade particular de uma altura
considerada no tempo. Tal como muitos de que aqui temos falado, e muitos deles
escreveram obras magníficas a retratar a sociedade dessa altura, também este
autor nos traça um retrato da tipologia social de uma geração que começa a
entrar no mercado de trabalho nessa ultima década do milénio passado. Este
“Inforescravos” tem uma particularidade, retrata um grupo e jovens informáticos
“nerds” que trabalham em empresas altamente tecnológicas e que levam um estilo
de vida muito particular que oscila entre o obsessão pelo trabalho e o exagero
que lhes permite ( a alguns) o dinheiro rápido e fácil que a actividade lhes
proporciona. Entre os desequilíbrios, as ilusões de vida e a realidade de Bug,
Karla, Dan e as demais personagens a que Douglas Coupland insufla de vida neste
livro. Esta sugestão, mais do que um conselho para este livro em específico é
uma chamada de atenção para um autor extraordinariamente interessante. A
análise de um determinado grupo social, de certa forma hermético oferece-nos
aqui bons momentos de leitura. Como não se trata aqui de divulgar novidades,
mas sim de aconselhar livros e autores que num ou noutro momento nos deram
prazer a ler, acho que é, se não conhecem ainda, pelo menos de tentar entrar
neste pequeno universo. Poderá apenas dizer-se que, como é um universo de
carácter absolutamente técnico e tecnológico por vezes nos podemos perder em um
ou outro excesso de linguagem dessa natureza. Nada que não seja compensado pela
análise inteligente e lúcida com que toda esta realidade nos é oferecida. Fixem
o nome e procurem a obra. Estou certo de que não se arrependerão. Boas
Leituras!
Na Mesinha De Cabeceira:
Kyoto de Yasunary Kawabata (Dom Quixote)
Ferrugem Americana de Philipp Meyer (Bertrand)
Rever Portugal de Jorge de Sena (Guimarães)
O Escrivão Público de Tahar Ben Jelloun (Cavalo de Ferro)
Uma Mentira Mil Vezes Repetida de Manuel Jorge Marmelo
(Quetzal)
Comentários
Continuação de boas leituras!
Um abraço
Ana Wiesenberger
P.S. Partilhei o seu texto sobre a obra num grupo do FB, O Que Andamos a Ler.