A VERDADE de Edward Docx (Civilização)
“Ler tornou D. Quixote num fidalgo, acreditar no que leu tornou-o louco”
Escrevo estas linhas ainda na ressaca da leitura daquele que é, para mim certamente, o melhor livro que li nos ultimos anos. Corro o risco de o afirmar. É absolutamente grandioso. Ao titulo original Self Help(em Inglaterra) ou Pravda (Estados Unidos) , o editor em Portugal preferiu “A Verdade” (Pravda, em russo, como o famoso jornal soviético). E é um livro de verdade, sobre a verdade e a sua ausência. Começa a acção em Sampetersburgo, Russia, com a morte de Masha, a mãe dos gémeos Isabella e Gabriel Glover. As descrições de uma ex-Stalinegrad absolutamente atípica, as idiossincrasias dos seus habitantes, a crueza de uma cidade tantas vezes retratada como uma das mais belas do Mundo sente-se nestas páginas. A escrita de Edward Docx é um monumento à depuração das frases e palavas, é a antitese do romance fácil, é uma leitura que nos sobressalta e faz reflectir muitas vezes, os dilemas dos personagens e as suas posturas perante os acontecimentos.
Com capitulos em Nova Iorque, Londres e Paris também, vemos que a distância geográfica entre as personagens não as torna mais distantes do que a simples ausência de verdade entre elas. Este é de facto um livro sobre um valor que se entende absoluto na essência: A Verdade, e, muito para além disso, explora o que pode significar esse dogma no quotidiano.
Há um irmão que não é irmão, um pai que também é irmão, um avô que também é pai, uma mãe que não é mãe, uma mãe que nunca o chegou a ser, um pai sexualmente devasso que atravessa toda a trama até se revelar por completo no final, ha também um heroinómano ex-seminarista inglês que lentamente se destrói até à redenção. Uma galeria de personagens absolutamente complexas e descritas com mestria em todas as suas dimensões e no seu espaço na vida.
Um destes dias um caro amigo leitor destas crónicas enviou-me um email onde expressava a sua preferência pelos clássicos da literatura, pois eu lhe garanto que, neste livro encontra tudo aquilo que espera de Dickens ou Dostoievsky, de um autor que é, de facto, uma lufada de frescura no panorama actual onde tudo se torna cada vez mais fácil e imediato.
Promete-nos o site do autor uma nova obra para 2010. Esperarei atenta e ansiosamente.
PARA A SEMANA: O TALENTOSO MR. RIPLEY de PATRICIA HIGHSMITH
George Bernard Shaw (1856-1950)
Escrevo estas linhas ainda na ressaca da leitura daquele que é, para mim certamente, o melhor livro que li nos ultimos anos. Corro o risco de o afirmar. É absolutamente grandioso. Ao titulo original Self Help(em Inglaterra) ou Pravda (Estados Unidos) , o editor em Portugal preferiu “A Verdade” (Pravda, em russo, como o famoso jornal soviético). E é um livro de verdade, sobre a verdade e a sua ausência. Começa a acção em Sampetersburgo, Russia, com a morte de Masha, a mãe dos gémeos Isabella e Gabriel Glover. As descrições de uma ex-Stalinegrad absolutamente atípica, as idiossincrasias dos seus habitantes, a crueza de uma cidade tantas vezes retratada como uma das mais belas do Mundo sente-se nestas páginas. A escrita de Edward Docx é um monumento à depuração das frases e palavas, é a antitese do romance fácil, é uma leitura que nos sobressalta e faz reflectir muitas vezes, os dilemas dos personagens e as suas posturas perante os acontecimentos.
Com capitulos em Nova Iorque, Londres e Paris também, vemos que a distância geográfica entre as personagens não as torna mais distantes do que a simples ausência de verdade entre elas. Este é de facto um livro sobre um valor que se entende absoluto na essência: A Verdade, e, muito para além disso, explora o que pode significar esse dogma no quotidiano.
Há um irmão que não é irmão, um pai que também é irmão, um avô que também é pai, uma mãe que não é mãe, uma mãe que nunca o chegou a ser, um pai sexualmente devasso que atravessa toda a trama até se revelar por completo no final, ha também um heroinómano ex-seminarista inglês que lentamente se destrói até à redenção. Uma galeria de personagens absolutamente complexas e descritas com mestria em todas as suas dimensões e no seu espaço na vida.
Um destes dias um caro amigo leitor destas crónicas enviou-me um email onde expressava a sua preferência pelos clássicos da literatura, pois eu lhe garanto que, neste livro encontra tudo aquilo que espera de Dickens ou Dostoievsky, de um autor que é, de facto, uma lufada de frescura no panorama actual onde tudo se torna cada vez mais fácil e imediato.
Promete-nos o site do autor uma nova obra para 2010. Esperarei atenta e ansiosamente.
PARA A SEMANA: O TALENTOSO MR. RIPLEY de PATRICIA HIGHSMITH
NA MESINHA DE CABECEIRA:
Continuam:
EU, ANIMAL de Indra Sinha (Difel)
EM PORTUGAL NÃO SE COME MAL de Miguel Esteves Cardoso (Assírio & Alvim)
NO CORAÇÃO DE ÁFRICA de William Boyd (Casa das Letras)
A RAPARIGA QUE ROUBAVA LIVROS de Markus Zusak (Editorial Presença)
A MULHER CERTA de Sándor Márai (D. Quixote)
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NO CORAÇÃO DE ÁFRICA de William Boyd (Casa das Letras)
A RAPARIGA QUE ROUBAVA LIVROS de Markus Zusak (Editorial Presença)
A MULHER CERTA de Sándor Márai (D. Quixote)
Lido: O SIMBOLO PERDIDO de DAN BROWN (BERTRAND)
Entra: (Oferta de amigo)CAFÉ ANCORA D´OURO – PIOLHO de Alfredo Mendes (Ancora Editores)
Comentários
Tu que é um leitor compulsivo, há sempre um livro em qualquer parte da casa, quero te dizer que te amo imenso.
Não pares de escrever!